domingo, setembro 13, 2009

Ardo! Desdenho-me e vejo-me orgulhoso ao espelho. Dualidade no confronto de seres em mim. A simplicidade na felicidade, a felicidade na simplicidade, o prazer do ócio, o prazer do ódio, o desdém de outro, o desdém pelo outro. Só no todo. Claustrofobicamente só, em todo o universo. Só com todos os seres em mim. Sou demónio, sou Homem… o pior dos demónios! Sou Legião!
Sorrio em paz, com uma agonia profunda. Congratulo-me por conquistas, sofro por fraquezas… Sofro pelo vazio. Oh condição vil! Não me consigo libertar dessa parcela humana do Eu. E numa parcela dessa parcela permanece um vazio… um vazio que me preenche o todo. O paradoxo! Tomara estar cheio. Cheio de nada, cheio de luz. Não! Cheio de trevas, cheio de ódio, cheio de êxtase! Pois assim seria eu! E não este ser que sofre por coisas menores, reservadas ao físico, ao que flutua na tensão superficial.
Vivo tempos de mudança. Tempos de distorções na Minha Realidade. Distorções que irrompem de e para uma metamorfose em mim. Mudanças felizes, desgastantes, mas plenas de ambição, de potencial. Tão mais plenas que sublinham de forma cruel essa… essa característica tão humana e que tanto me repugna de que o Homem nunca É completamente de forma isolada. Por mais realidades e consciências em nós, nunca alcançaremos o Eu mais profundo. Corro em direcção ao Nirvana, e este foge-me por entre os dedos sorrindo com um sorriso que reconheço do meu demónio. O demónio, que troça de mim, ao ver-me aprisionado pela ideia da minha fraqueza. A minha fraqueza de me sentir assim… a minha fraqueza de procurar e não querer encontrar, de querer desesperadamente encontrar e não saber o que procurar. De necessitar mais do que de querer. De arrancar a minha pele com raiva e em seguida ajoelhar-me da forma mais humilde, pois sou fraco e necessito. Não sei a forma, só o sei como conceito abstracto que em nada encontro a forma. Exijo… demando… avalio estupidamente como se eu próprio não fosse medíocre. Mas é talvez a minha última defesa antes de me render.
Ri-se agora o maldito! O sorriso dele põe-me louco! Lá no canto, já com um pé de fora, pois sabe que se aproxima a hora de voltar a sair e de se fazer notar.
Estou “são” há demasiado tempo.